sexta-feira, 14 de maio de 2010

Como aquecer o seu dia

Dia de tédio na produtora. Todos com sono e preguiça, alem do frio. Eu conversando com a coordenadora de produção via Skype, ela senta na baia ao meu lado.

- “Cris precisamos fazer algo para animar o povo que ta muito morto. Vou lançar um desafio de trote”

- “Isso é muito chato, vamos fazer circuito” (ficamos correndo ao redor das baias nos exercitando e gargalhando)

- “Chama o povo, reunião na minha baia”

Todos reunidos na entrada da produtora, resolvemos fazer ginástica laboral lá mesmo, em silêncio para o chefe não saber. O chefe sentado na mesa dele.

Um ao lado do outro começamos os exercícios. A coordenadora em cima do sofá, descalça, mostrando os exercícios. Gargalhadas abafadas.

Eu arranquei minha blusa, meu crachá e o colar no chão. Os amigos abandonaram óculos e crachás também.

Alguém avisa que o chefe vem vindo. Debandada geral, todos pegam suas coisas e saem correndo em menos de 10 segundos. Nem camelô fugindo do rapa é tão rápido. Risos abafados e choro de tanta risada é o que se vê nos nossos rostos. O chefe não percebe nada.

Fiquei com calor o restante do dia. Funciona eu recomendo.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Eu e as madeixas de mamãe

Quando eu era pequena minha mãe tinha o cabelo bem comprido e eu adorava brincar de penteá-lo de noite. Ficava horas, em minha opinião de criança, sentada atrás dela penteando suas melenas quase negras e lindas. Eu sempre detestei meu cabelo cacheado e armado desde pequena queria ter o cabelo lindo de mamãe.

De dia ficava na casa da minha avó paterna, pois meus pais trabalhavam. Um belo dia minha mãe foi me buscar e apareceu com o cabelo bem curto, tipo joãozinho. Até hoje eu não consigo esquecer o choque que foi vê-la daquele jeito. Gritei, chorei, sai correndo e fiquei uns bons dias sem olhar para ela, pois aquela não era minha mãe linda com o cabelo lindo, era uma estranha. Aquilo para mim era um crime, um pecado, uma heresia, como podia alguém me tirar aquele cabelo. Na época eu tinha 5 anos, pois meu “querido, idolatrado, salve salve” irmãozinho ainda não tinha vindo ao mundo. Minha mãe deve ter ficado uns 4 anos de cabelo bem curto e depois disso o máximo que deixou crescer foi pouco abaixo dos ombros, mas até hoje sinto saudades das madeixas longas e volumosas. A cor também mudou, hoje estão loiras para disfarçar os cabelos brancos.

Há duas semanas minha mãe teve um ataque psicótico e resolveu cortar o cabelo curto, pois não agüentava o calor. Eu quase tive a mesma reação de 23 anos atrás. Não ficou legal e eu não consegui esconder isso. Sou uma filha má por isso, por não mentir para ela?

Eu definitivamente não gosto de ver minha mãe de cabelo curto. Trauma de infância?

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O prazer da leitura e a emoção de escrever

Ler e escrever são paixões antigas para mim. Adoro ler até placas e bula de remédio. Quando o site da produtora foi refeito foram colocadas fotos de cada funcionário com as nossas descrições. Meu chefe me perguntou o que eu gostava de fazer e a resposta foi simples: ler e escrever. Ele não acreditava que era só isso, “você é jovem deve gostar de fazer mais alguma coisa no final de semana”. Sim gosto deve ver meu namorado e de ler e escrever.

Eu devoro livros desde a 5ª serie quando a Quilza, minha melhor amiga na época, me apresentou a maravilha que era a biblioteca da escola. Lia praticamente 2 livros por semana, mesmo com todas as lições de casa e trabalhos. Estudar sempre foi um hábito para mim também, não uma obrigação. Sempre fui a caxias da sala, a CDF, a rata de biblioteca, a menina que pedia livros de presente e nunca ganhava, isso me frustra até hoje.

Eu já disse que gasto praticamente 4 horas do meu dia lendo livros por causa do transito, claro se descontar os cochilos e as trocas de condução sobram 3 horas por dia quando comento os livros que li as pessoas me olham espantadas e sempre dizem, nossa você devora livros.

Isso é pecado? É defeito? Estou cometendo algum crime grave ao ler tantos livros assim?

Às vezes me sinto um ET, uma aberração.

Esses dias meu namorado me perguntou como conheço tantas palavras difíceis e diferentes, como posso saber de tantos assuntos. Minha resposta foi direta: eu leio muito. Ele se espanta muito com meu vocabulário, diz que não sou uma pessoa normal, às vezes pareço um dicionário que o assusta com minha cultura.

Sei que assusto muitas pessoas com o que sei, com o que acumulei em anos de leitura, mas ler e escrever me mantém viva, desperta minha mente, funciona como minha terapia.

Na faculdade alcancei meu ápice e percebi que era boa nisso. Minha maior alegria era ouvir elogios de professores aos meus textos, mas o que me deixou mais alegre ainda foi quando pedi a dois professores que conferissem meu TCC. Um deles, roteirista e redator me disse que estava encantado com meu texto e ortografia bem aplicada, idéia bem explicada coesa. O outro, redator e corretor da Folha de São Paulo, me disse que eu estava de parabéns. Quase chorei de felicidade.

Na antiga produtora fazíamos constantemente transcrições de depoimentos e sempre era eu a escolhida para formatar e conferir textos, adoro formatação de textos, tenho problemas mentais.

Mantenho 2 blogs diferentes, esse sobre aleatoriedades da minha mente insana e perturbada e outro sobre frescuras e besteiras de mulher.

Já pensei em escrever um livro ou livros, mas minha mente é tão volúvel que me perco no meio das idéias, por isso esse blog. Com certeza um dia ainda realizarei esse sonho, esse embrião incubado em minha mente vai ser gerado e nascerá.

Meu vicio

Meu nome é Cristina, tenho 28 anos e preciso confessar que tenho um vicio.

Sou viciada em esmaltes. Eu tenho 20 dedos e da ultima vez que contei tinha 125 vidros de esmaltes nas mais diversas tonalidades na minha caixa de “coisas para unha”.

Comecei esse meu vicio há 1 ano e 3 meses e tinha apenas 34 vidros. Rapidamente o que era apenas um ou dois vidros novos por mês se tornou um vicio incontrolável. Não consigo sair de uma perfumaria sem pelo menos um vidro novo. Escondo os vidros novos quando chego em casa para minha mãe não me olhar com cara feia.

Meu pai já perguntou quantos dedos eu tenho e se eu uso tudo aquilo mesmo. Minhas amigas perguntam se sou manicure.

Mesmo quando eu decido não comprar mais vidros a coleção aumenta, pois eu ganho alguns.

Hoje entrei em uma perfumaria procurando um tom de verde e saí de lá com outro tom de verde, pois o que eu queria não tinha e um cinza chumbo.

Estou com as unhas sem esmaltes e doida para passar o verde novo nela. Acho que vou me trancar no banheiro e já volto com as unhas pintadas.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Garotos Podres

O show da vez foi dos Garotos Podres, sim amo punk rock e adoro os caras e suas letras políticas, engraçadas e escatológicas.

O show foi no SESC Santo André, pertinho de casa.

Sai do trabalho as 17:00, peguei ônibus mega lotado, metrô insuportável e outro ônibus cheio, tudo de pé. Cheguei em casa as 19:00, tomei meu banho gostoso, jantei e saí as 20:10. Cheguei ao SESC as 20:30, poucas pessoas estavam lá, mesmo com todos os ingressos vendidos. Junto comigo meu irmão, nós dois esperávamos minha prima e seu marido, que considero muito meu primo. Antes deles chegarem encontramos um casal de amigos dos primos com o filho de 10 anos, o Johnny. Os primos chegaram, muitas pessoas também. As portas foram abertas as 20:50, as 21:00 o show começou em ponto.

Ele foi realizado no anfiteatro, todos sentados, nós com os narizes torcidos, onde já se viu show de punk sentado. 1ª musica rolando, “Garoto Podre”, eu balançava minha cabeça e perna, minha prima desesperada por estar sentada e instigando o marido a se levantar. Algumas pessoas estavam de pé em frente ao palco.

Não demorou mais de 1 minuto o primo pulou a cadeira e levantou, a prima e eu fomos atrás, meu irmão nos seguia. Fomos para frente do palco. Na seqüência a belíssima “vomitaram no trem” e a clássica “Johnny”. Berrei, pulei, cantei quase todas as musicas, umas 3 eu não conhecia direito. O repertório foi centrado no ultimo cd Gatozil de Podrezepam mesclado com clássicos da banda.

O Mau (vocalista) é extremamente louco e carismático no palco, parece professor de cursinho, ele é professor, só não sei se de cursinho. O publico foi ao delírio, tinha um cara que toda hora agarrava o microfone da mão do Mau. O baterista, Capitão Caverna, conversou bastante com o publico e interagiu com a galera. O momento engraçado foi antes de tocar “ainda vamos tocar bossa nova” quando todos colocaram óculos com nariz grandes, o Mau sentou numa cadeira e o guitarrista lhe passou a guitarra e ele tocou como João Gilberto, numa grande tiração de sarro do estilo musical.

Eu fui ao delírio ao ouvir a introdução de “o mundo não para de girar”, amo essa musica. “verme” também me deixou muito feliz. Por ser professor de historia o Mau faz muitas introduções as musicas com detalhes históricos para situar as canções. Para mim o mais legal e importante foi ao comentar os 3 estudantes fuzilados durante um protesto na CSN, fato que motivou a musica “aos fuzilados da CSN” que, na minha opinião, tem um dos melhores refrões que conheço inspirado numa frase de Che Guevara: “mas por mais rosas que os poderosos matem, nunca conseguirão deter a primavera”.

A mais pedida da noite foi “vou fazer coco” que encerrou a apresentação bem humorada e competente dos Garotos Podres que já estão mais para Tiozinhos Podres, mas mostraram que não perderam a energia e qualidade mesmo após quase 30 anos de carreira, mesmo sem sucesso.

O show durou exatos 90 minutos e nos deixou com gosto de quero mais. Foi engraçado ver o rosto surpreso do Johnny ao contatar que eles tocaram uma musica com o nome dele. Sai do SESC rouca, com as pernas doendo de tanto pular, os ouvidos zunindo, mas feliz e com a certeza que dormiria em paz naquela noite.